Estive fora duas semanas. Dias muito diferentes dos meus, experiências muito diversas. Duas semanas de aprendizagem permanente, de desafios constantes, noutros lugares, com outras pessoas. Duas semanas a ouvir línguas estranhas, a falar uma língua que não era a minha. Duas semanas com rotinas diferentes daquela a que estou habituada.
Primeiro, uma das cidades mais belas que já visitei. Durante uma semana, andei por Praga. Quase sempre a pé. A pé, visitei monumentos, fui a concertos, ao teatro, à padaria, à florista. A pé, deslocava-me do "meu" apartamento até ao instituto onde, durante uma semana, fui aluna. A pé, ia todos os dias almoçar a este lugar especial, onde se falava português, checo e inglês com sotaque irlandês. Improvável descobrir em Praga, por acaso, um restaurante cujo proprietário se chama João.




De Praga, uma viagem de comboio até à Alemanha. Sozinha, num comboio cheio de checos e alemães. Depois de uma breve paragem em Dresden, continuei, até Braunschweig, uma cidade que me é querida. Lá, esperavam-me outras pessoas, outras rotinas. Depois de uma semana a conviver com checos, italianos, um francês e um espanhol, passei a andar na companhia de alemães, romenas, gregas e duas espanholas, a única nacionalidade repetida.
Em Braunschweig, fiquei em casa do meu amigo Martin e da companheira, uma americana simpática da Carolina do Sul. Mais um projeto a começar, com parceiros antigos e um monte de gente nova. Dias de muito trabalho e muita diversão. Visitas à Alemanha profunda, a lugares de postal. Caminhadas entre montanhas, com direito a dicas do meu amigo Harald sobre como colher cogumelos em segurança. Desta vez, não cozinhámos juntos, mas tinha de haver conversas sobre comida e dicas de culinária. Na bagagem, trouxe cogumelos secos, colhidos por ele. Qualquer dia, é possível que apareça por aqui um prato com cogumelos alemães.
Também em termos gastronómicos, as duas últimas semanas foram atípicas. Se, fisicamente, atravessei parte da Europa, no que diz respeito a comida, dei quase a volta ao mundo. Cozinha afegã, turca, indiana, italiana, checa e alemã. Sempre em restaurantes muito típicos, frequentados por locais, ou não fosse esta a melhor forma de percebemos a qualidade da comida de um lugar. Felizmente, os meus amigos alemães respeitam aqueles que escolheram o seu país para viver e valorizam aquilo que têm para lhes oferecer.


Depois destes dias longe, sem as minhas rotinas, melhor dizendo, sem as minhas rotinas habituais, estou de volta. À minha casa, aos meus rapazes, aos meus gatos. Estou de volta à minha cozinha. Soube-me bem voltar a acender o forno para um bolo. Faz qualquer coisa com Nutella. O resultado foi este bolo, uma receita sem glúten da Nigella Lawson, do livro Prazeres Divinos.
Fica a seleção possível das fotos das viagens. E a receita do bolo.
Uma boa semana.
Bolo de avelã
Ingredientes para o bolo:
6 ovos grandes, separados
1 pitada de sal
125 g de manteiga
400 g de Nutella (1 frasco grande)
1 colher de sopa de Frangelico, rum ou água (usei Frangelico)
100 g de avelãs moídas
100 g de chocolate negro, derretido
Ingredientes para a cobertura:
100 g de avelãs (descascadas)*
100 ml de natas para bater
1 colher de sopa de Frangelico, rum ou água (usei Frangelico)
100 g de chocolate negro
Numa tigela grande, bater as claras com o sal, até ficarem firmes, mas não secas.
Noutro recipiente, bater a manteiga com a Nutella. Depois, envolver o Frangelico, as gemas e as avelãs moídas. Envolver o chocolate derretido, misturado com uma colher de natas batidas, no preparado. Juntar as claras batidas, envolvendo com cuidado, para não tirar o ar.
Levar ao forno, pré-aquecido a 180 graus, numa forma de fundo amovível de 23 cm, untada e polvilhada com farinha (costumo forrar o fundo com papel vegetal e depois untar e enfarinhar, para não correr riscos), cerca de 40 minutos. Deixar a arrefecer e preparar a cobertura.
Numa frigideira, tostar as avelãs, de modo a que os aromas se libertem e os frutos estejam castanho-dourados em algumas partes. Transferir para um prato e deixar arrefecer (Muito importante não colocar as avelãs quentes sobre a cobertura de chocolate, para que esta não fique oleosa!).
Numa caçarola de fundo grosso, aquecer, em lume brando, as natas, o licor e o chocolate picado. Quando o chocolate tiver derretido, retirar a caçarola do lume e deixar arrefecer.
Colocar a cobertura sobre o bolo e decorar com as avelãs tostadas, inteiras.
*Para descascar as avelãs, costumo levá-las ao forno e deixá-las tostar ligeiramente. Depois, coloco-as num pano e esfrego-as, para que a casca se solte.